Atendendo o convite da atual Diretoria da Sociedade de Oftalmologia do Amazonas (sucessora da Sociedade Amazonense de Oftalmologia) presidida atualmente pelo Dr. Cláudio do Carmo Chaves Filho, tenho a grata satisfação de trazer ao conhecimento dos estimados colegas, dados sobre a história da oftalmologia amazonense em forma de módulos, já agradecendo de imediato as contribuições que possam ser acrescidas no transcorrer dessa narrativa e também ao mesmo tempo as respectivas desculpas por eventuais omissões.
Da emancipação do Grão-Pará até 1930
Nenhum registro da presença de médico oftalmologista exercendo sua atividade no Amazonas desde o descobrimento do Brasil pelos portugueses, em 22 de abril de 1500, passando pela criação do Estado do Grão- Pará e Maranhão instituído em 1621, a união desfeita entre esses em 1774, e a instalação da província do Amazonas em 5 de setembro de 1850 por João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, chegando até as primeiras décadas do século XX.
Se aqui houve a prática da medicina oftalmológica, nesse período, essa possa ter ocorrido de forma esporádica feita por médicos da coroa portuguesa ou por médicos brasileiros de outras paragens em missões pela região, o que é muito provável que tenha acontecido, embora em saltos muito grandes de intervalo de tempo. Fica aqui essa observação a ser ou não ratificada!
Acredita-se que a história da Oftalmologia amazonense passou a ser escrita no século XX.
Comunicação pessoal com meu saudoso pai – o professor de Matemática Cleomenes do Carmo Chaves – assinala como o primeiro médico a praticar a Medicina oftalmológica, no Amazonas, o Dr. Manoel Barreto Lins, graduado em médico pela Faculdade de Medicina e Pharmacia da Bahia em 1895 e com especialização em oftalmologia em 1912 no Hotel-Dieu, Paris, oriundo do Nordeste brasileiro (Estado de Pernambuco), para cá emigrou, nos anos 20 e aqui viveu e atuou também como clínico na Santa Casa de Misericórdia de Manaus, conforme relato do médico e escritor Antônio Loureiro sobre a história daquele antigo nosocômio.
Em Manaus, ele residiu por algum tempo no castelo “Zulmira”, situado na rua São Luís nº 101, que pertenceu, originalmente, ao ex-prefeito coronel Adolfo Lisboa. A passagem de Barreto Lins como oculista deixou poucos registros no acervo médico amazonense, visto que a sua atuação na área limitava-se a realizar consultas e exames de refração.
Também há informações oficiosas de que as primeiras cirurgias oftalmológicas tenham sido realizadas na segunda década do século XX, em Manaus, no Hospital Beneficente Portuguesa pelo Cirurgião Geral Dr. Jorge de Moraes, amazonense e manauara, nascido em 1872, graduado em medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia, o qual era considerado como um virtuoso do bisturi e também como o maior cirurgião operador da sua época, e que nas suas andanças pela Europa aprendeu a realizar extração de catarata.
Além de notável médico, o Dr. Jorge Moraes foi Deputado Federal e Senador pelo Amazonas e também Prefeito de Manaus.
Obs: O próximo módulo abordará o exercício da Oftalmologia no Amazonas, no período de 1930 até 1960. Clique no link e confira!
*Artigo escrito pelo Dr. Cláudio Chaves, decano da Oftalmologia amazonense.